Também foi o Trump que interrompeu o Sócrates?

(Por Estátua de Sal, 03/02/2017, 22h:30m)

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A SICN, de novo ao nível do Correio da Manhã, no Jornal da Noite que acabo de ver. O Gomes Ferreira é o homem dos sete instrumentos. Um autêntico enciclopedista. Não é sequer licenciado em economia e perora sobre economia como um grande catedrático. Fala de finanças e de finanças nem sequer tem a frequência da matéria ao nível do liceu.

Hoje veio abalançar-se numa nova área do saber,  o Direito, como sendo um grande jurisconsulto, um verdadeiro juiz encartado, tentando rebater os argumentos que Sócrates apresentou na conferência de imprensa que hoje deu, a propósito do processo que intentou contra o Estado português, por ultrapassagem de todos os prazos processuais na Operação Marquês.

Uma vergonha, este tipo. A sua prestação uma sabujice. A SICN continuou o jornal da noite por aí fora numa peça toda ela um nojo, avançando com dados do processo que, ao que parece, nem sequer aos advogados de defesa de Sócrates é dado acesso. Um julgamento a céu aberto e sem contraditório. Uma verdadeira peça inquisitorial. É este o país que temos, a Justiça que temos, a comunicação social que temos.

E mais. A conferência de imprensa de Sócrates teve a sua transmissão interrompida na SICN e em todos os outros canais de informação, depois das declarações iniciais. A fase de respostas às perguntas dos jornalistas, em que Sócrates se defendeu de acusações várias, não mereceu transmissão em directo, não fosse o ex-primeiro ministro desintoxicar a opinião pública dos venenos tóxicos com que a comunicação social a vai alimentando.

Se fosse uma conferência de imprensa do Bruno de Carvalho, do Luís Filipe Vieira ou do Pinto da Costa não perderiam sequer um sussurro dos ditos cujos porque a bola é que educa e é o assunto mais importante para entretém do povo. Ou se fosse o Passos ou a Dona Cristas, a SIC até lhe lamberia os perdigotos todos para que nada se perdesse.

São cada vez mais nojentos os critérios editoriais da comunicação social e cada vez mais se conclui que não vendem só publicidade. Vendem a informação que difundem de forma tendenciosa a quem lhes paga para a orientar de forma enviesada e manipuladora.

Depois não venham dizer que o populismo campeia, porque se campeia é porque os media tudo fazem para o incentivar com estas práticas.

E já agora, neste caso de tirarem a palavra a Sócrates, não transmitindo na íntegra a conferência de imprensa, quem foi, e a que título, que vos deu ordens para o fazer? Não me venham dizer que foi o Trump. O homem anda, nos últimos tempos, a ser acusado de tudo e mais alguma coisa, mesmo daquilo que aconteceu antes de ocupar o cargo.

O mais grave é que o Trump, no seu estilo desabrido, vai dando a cara. Enquanto que noutras decisões há outros Trumps ocultos, maquiavélicos, e que só não são tão perigosos porque não são presidentes dos EUA.

 

7 pensamentos sobre “Também foi o Trump que interrompeu o Sócrates?

  1. Vamos por partes.
    Eu também não sou economista, nem jurista mas entendo que isso não me impede de ter opinião sobre ambos os assuntos. Não sou propriamente um especialista mas também não serei (salvo melhor opinião) propriamente ignorante. Procuro o nome de quem escreveu esta matéria e tentar averiguar da sua especialidade critica mas também não encontro a informação desejada.
    O facto de os advogados “não terem acesso” a informação processual, não significa que as redacções não o tenham. Chamam a esse fenómeno, fuga de informação o que me parece absolutamente justo. Se o dinheiro envolvido é dinheiro público, o público deve saber.
    Concordo com a questão da informação (comparativa) sobre futebol e discordo do “quase” insulto ao Gomes Ferreira que, queiramos ou não, tem o seu público. Não o conheço, não sou admirador mas escuto-o com atenção como de resto faço a todas as outras opiniões que vejo por aí. Incluindo esta que leio e respeito mas não agrido.
    Ás vezes fico a pensar que o bom senso anda arredado. Podemos criticar sem sermos “sabujos”.

    • Que qualquer pessoa, não sendo economista, possa ter opinião sobre questões económicas, é uma verdade meridiana. Já não é legítimo que alguém nessas condições tenha um papel privilegiado no espaço público de opinião, tentando formatar tendenciosamente os espíritos, quando na verdade não tem qualquer competência técnica para tal. Percebeu agora onde quis chegar? Não absolva o GF e a SICN. O objetivo do “trabalho” deles é claro. E o meu, e de quem não concorda com os objectivos e com os métodos é denunciá-lo. Enquanto me deixarem fazê-lo. Sobre as minhas credenciais em matéria econonómica: 32 anos de leccionação de economia numa universidade devem ser suficientes para aquilatar as limitações do discurso do GF na matéria, e o enviesamento com que opina.

      • 32 anos como economista, sao para mim tao suficientes como os meus 32 anos no jornalismo. Tem direito a sua opiniao mas nao tem o direito a sabujice de chama sabujo a ninguem. Creio que possa entender muito mais do que eu sobre a tematica das ciencias mas andara arredado da importancia das letras. Pode perfeitamente denunciar sem insultar. Concorda comigo?

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