Denúncia é um ato de resistência política

 

(Por Edward Snowden, Maio de 2016)

NSA whistleblower Edward Snowden, an analyst with a U.S. defence contractor, is pictured during an interview with the Guardian in his hotel room in Hong Kong

Este texto é tão polémico quanto assustador. A vigilância a que estamos sujeitos sem o saber nas nossas sociedades ditas livres é cada vez mais uma ameaça à liberdade, à cidadania, aos regimes democráticos. Até à segunda metade do Sec. XX os Estados detinham o monopólio da violência, que podia ser usada de acordo com os limites que o Estado de Direito lhes conferia.

Agora, os Estados querem também deter o controle total sobre os movimentos dos cidadãos, as ideias, os pensamentos e as acções. E isto sem qualquer escrutínio ou delegação democrática. E, nos EUA, as forças ocultas e não escrutinadas das agências de informação, CIA, NSA e outras, decidem o assassinato de cidadãos, em qualquer parte do mundo, sem qualquer controle nem qualquer decisão judicial. A propósito do debate actual sobre os méritos/deméritos do presidente Obama, só me resta acrescentar que apenas por falta de informação sobre estas práticas, por manipulação e construção de uma imagem falsa difundida pelos media do mainstream, ele pode ser louvado. 

Ou seja, estamos perante uma banalização do terrorismo de estado. É a subversão do contrato social e do Direito. É assustador. No fundo o problema antigo, que durante séculos a filosofia política e a filosofia do direito tentaram resolver, problema inerente ás organizações sociais, e aos limites que deve ter o exercício do poder de Estado, coloca-se agora neste nosso tempo com uma acuidade cada vez mais lancinante: quem guarda os guardas? (Estátua de Sal, 13/01/2017)


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Um pensamento sobre “Denúncia é um ato de resistência política

  1. Snowden e o perigo da verdade oculta. O problema de «quem guarda o guarda» é cada vez mais insolúvel, ou, até aparecer algum iluminado – leia-se tycoon – e convencer os «estados» a usar geringonças eletrónicas que lhes darão fartos lucros. Ou será que já as usam? Porém, depois da ficção «Minority Report» ninguém acreditará. Ao longo dos séculos as tentativas humanas de atuar com rigor, justiça, equilíbrio, proporcionalidade e por diante têm falhado, Porquê? Maldição? Improbabilidade? Inadequação genética? Quiçá… o livre arbítrio? Ou apenas – que infortúnio! – somos como as sementes que replicam um «original» que ignoram como era tanto como elas próprias ignoram como vão ser depois de germinar e crescer? Mas, dirão, há a História! É verdade há a história, contudo, a história não vivida não é História é conto de fadas…

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