Foge, António!

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 16/12/2016)

quadros

António Guterres fez, na passada segunda-feira, o juramento da Carta das Nações Unidas e todos nos sentimos muito orgulhosos.

Podemos dizer que foi um nove e meio em termos de Orgulho Nacional Por Ver Portugueses No Poder, numa escala que vai de Durão Barroso ao cão de água português do Obama.

Assistimos a várias manifestações de alegria e emoção, mas sinto-me dividido. Por ser patriota, e vendo como está o mundo, tenho algum receio de que nos venham atribuir as culpas pela III Guerra Mundial. Já sei como é que estas coisas são. No fim, é sempre o tuga que paga.

Vão sempre lembrar que estava um António português ao leme da ONU quando a coisa se deu. Ainda nos obrigam a pagar a reconstrução do mundo, incluindo todo os bancos que foram bombardeados.

Gosto do Engenheiro Guterres e acho que esta eleição é um presente envenenado. Ele devia ter desconfiado, quando uma organização machista como a ONU queria apostar numa mulher para o cargo. A intenção era: “estão a ver como elas estão bem é na cozinha”. Não percebo como é que o Padre Melícias não o alertou. Com tanto dito popular que um bom franciscano gosta de usar, como o “quando a esmola é grande o pobre desconfia”.

Não sei como estão as apostas na bwin, mas a probabilidade de haver chatice da grossa mundial, durante o mandato de Guterres, deve pagar pouco. Só um semi-monge budista, como Guterres, entrava num edifício em chamas com aquela calma e sorriso. No actual momento mundial, a ONU é a pior reunião de condóminos do universo. A lista de broncas que já estão em andamento, junto com as que prevemos que estejam a começar, é mais extensa do que a própria Carta das Nações Unidas. Se Guterres tivesse jurado com a mão esquerda pousada sobre os problemas que vai ter de enfrentar, ou assistir, teriam de lhe arranjar um escadote. Ponho-me a pensar como é que eles o terão convencido – “eh, pá, vais trabalhar com o Trump, reunir com o Putin e jogar ao mata com o Erdogan”.

Muito sinceramente, a ter de ser um português a ocupar o lugar de secretário-geral da ONU, preferia mil vezes o Durão Barroso. Quanto mais não fosse porque sempre tinha menos poder do que estando no Goldman Sachs. E, como ele já tem um bom currículo em termos de contribuir para dar cabo da paz e de organizações de nações, não seria surpresa para ninguém se ficasse associado ao fim do mundo.

Se eu fosse o Engenheiro Guterres, preparava um plano B no caso de isto ir mesmo dar para o torto. Nem seria preciso inventar muito. Pelo contrário, seria uma sequela. Muito simples. Caso a Le Pen vencesse as eleições presidenciais em França, Guterres diria que sentia este resultado, das eleições francesas, como uma derrota pessoal e de como o seu discurso, como secretário-geral da ONU, não tinha tido apoio e demitia-se.

Boa sorte, Senhor Engenheiro.


TOP 5

ONU

1. José Eduardo Moniz ou Laurinda Alves podem correr pelo PSD à Câmara de Lisboa – Eu apostava no Medina Carreira. Medina contra o Medina. Ou no Paulo Macedo, só para baralhar ainda mais a situação na CGD.

2. Rui Rio sugeriu um imposto para pagar a dívida pública – um tipo de direita que entra com o pé esquerdo.

3. Os irmãos iraquianos ausentaram-se para Istambul – a noite lá é mais segura.

4. Face Oculta: Manuel Godinho já pode sair do país – vai fazer “interrail” com o Salgado e gamar os carris.

5. A Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal atribuiu ao seleccionador português de futebol, Fernando Santos, o prémio Personalidade do Ano – faltou ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa uma “selfie” com a Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.

2 pensamentos sobre “Foge, António!

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