O Rangel e o ranger de dentes

(Por Estátua de Sal, 17/11/2016)
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Estive a ver a Prova dos Nove, hoje na TVI 24. O esganiçado Rangel, fartou-se de ranger os dentes. Tal é a raiva que lhe vai na alma perante os sucessos do Governo. Muito range a criatura, ainda por cima sem fôlego de jeito, porque quando quer erguer a voz sai esganiçada, tipo cana rachada.
A direita tem cada vez menos argumentos que sustentem a sua narrativa da catástrofe. Era o déficit, o déficit cumprido como eles nunca conseguiram, e passou ao crescimento. Era o crescimento, o do 3º trimestre foi o mais elevado da zona Euro, agora são os riscos. Vem a D. Teodora alertar para os riscos e eles agitam a cauda como orangotangos, salivando e dando pulinhos. Era a Comissão Europeia e as sanções, mas lá se foram as sanções e ficaram os Fundos Estruturais. Morreram os Fundos e agora trepam no mastro do Dr. Domingues que do alto da CGD, fechado no seu cofre forte se recusa a entregar a declaração de rendimentos. E o Rangel e o Coelho lá rangem e fazem figas para que a Caixa de desfaça em pedaços para eles virem apanhar os cacos.
Tudo se desmorona no discurso da direita, o Rangel fica mais esganiçado, tira a palavra a todos, a Constança não o põe na ordem como devia – talvez para não lhe dar o trunfo de ele se poder armar em vítima e em mártir -, e sem mais argumentos, só lhe resta o papão dos juros, sim, porque a dívida também tem descido.
Ora, os juros são algo que dependem dos “humores” dos mercados financeiros e uma pequena economia aberta não tem capacidade de os influenciar, em situações de normalidade politica interna como é a situação actual. E neste momento, os “humores” dos mercados são determinados em função das expectativas do que irá suceder na economia americana na época pós-Obama, no consulado de Trump.
Pois bem, aos Rangeis deste mundo, Cassandras esganiçadas, só lhes resta brandir o látego da subida de juros da dívida pública para que a República tenha dificuldades de financiamento e que ocorra uma crise que possam cavalgar.
Nada a recear, contudo. Os juros até podem subir. Mas não irão subir especificamente para Portugal, de forma decisiva. A subirem de forma drástica afetarão todos os países periféricos de forma dramática, e a Europa no seu todo, e ocorrerão medidas à escala europeia para resolver o problema.
A direita portuguesa ainda não viu que os ventos estão a virar a nível global, depois do Brexit e de Trump. O discurso da austeridade expansionista que os levou ao poder em 2011, começa a ser definitivamente enterrado, mesmo na própria Alemanha, e a prova é que o abominável Scahuble, depois de Trump ter sido eleito, nunca mais teve lata para botar faladura a favor da austeridade.
O capitalismo sempre se conseguiu reinventar de acordo com os contextos e as necessidades históricas das várias épocas. Parece que a nossa direita é tão estúpida e tão pouco letrada que não sabe isto.
Eu, para castigo à prosápia manhosa do Rangel, receitava-lhe a leitura do Capital do Marx, encadernado, e sem ser em sinopse ou resumo ligeiro.
Talvez ficasse a perceber melhor o que se passa à sua volta e pudesse ser mais útil e eficaz na defesa das causas da direita que ele ama e persegue com afinco.
Assim, com a desavergonhada falta de tino, de conhecimentos e de isenção que manifesta, não passa de um estridente papagaio, um pernalta irascível que só consegue fazer-se ouvir devido à contemporização da Constança e à educação dos dois outros interlocutores, o Silva Pereira e o Fernando Rosas.

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