Patrão fora, dia santo na loja

(Por Estátua de Sal, 31/10/2016)

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O Primeiro-ministro está fora há vários dias. Marcelo também. Primeiro esteve na Colômbia. Agora está no Brasil na Cimeira da CPLP. Tudo bem. Isto faz parte das obrigações de ambos e parece que não desdenham da companhia um do outro e da sincronização das agendas, pelo menos até ver. Nada de inédito.

O inédito, sim, é que a substituição do primeiro-ministro quando ele se ausenta ou está impedido é entregue a Augusto Santos Silva, de acordo com a escolha do próprio António Costa, o que não tem vindo a acontecer. Santos Silva tem estado mudo e quedo.

Com Costa fora, Passos Coelho anda todo divertido a fazer o gosto ao dedo. Ele desdobra-se em iniciativas. Reúne com os parceiros sociais para propor alterações ao orçamento de Estado para 2017. Esta é de almanaque. Que esperança terão os parceiros sociais de verem as suas propostas aprovadas?! Mas o Coelho ainda não viu que já não risca nada?! E como podem os ditos parceiros colaborar nesta farsa triste e miserável de andar a brincar às reuniões com um tipo que ainda finge ser o que já não é? Está tudo alucinado. E depois, como nada pode dizer sobre o sucesso do controlo do deficit, a crítica que faz ao governo é que este “falhou nas previsões”. Ora, um tipo que em todos os anos que governou apresentou sempre orçamentos retificativos, ele, o campeão-mor de todos os falhanços de previsões, tem o distinto topete de vir falar em falhas de previsão?!

Para tornar a farsa ainda mais ridícula, no fim dos encontros lá está a comunicação social em peso, as televisões todas de microfone em riste para ouvir as declarações de um farsante disfarçado de primeiro-ministro, como se de tais declarações viessem grandes contributos para a governação.

Tudo isto é deprimente e simultaneamente doentio e sintomático do estado da Nação. Está mauzinho mesmo. E ninguém considerar isto uma anomalia, nos grandes meios de comunicação social, é ainda mais doentio. Já ninguém tem sentido critico e a noção das proporções perdeu-se. Ou então está toda a gente hipotecada aos interesses que o Passos defende e prossegue o que ainda é bem mais grave e funesto.


 Ver declarações e reuniões de Passos aqui

8 pensamentos sobre “Patrão fora, dia santo na loja

  1. Não parece ser inédito em Portugal. Já houve um primeiro ministro que, após cessar funções, continuou convencido que ainda estava em exercício e o seu séquito colaborava na teatralização.

  2. E diria mesmo mais ja nao ha paxorra para aturar tal ave rara nao sei como e que ainda ha jornalistas que perdem tempo a por um microfone a frente de tal artistajo

  3. Subscrevo o artigo na íntegra. Pois, já algum tempo, tenho vindo a questionar,–me o porquê de tantas aparições televisivas??? (eu, mudo logo de canal). O que pretende a comunicação social? Informar? Condicionar? Favorecer…? Será que também eles, acham que os portugueses têm memória curta? Já está mais que não hora do Sr. Passos Coelho deixar “os despesistas”‘ em paz! Já chega!,

  4. Bem observado! O governo anda a fazer o que deve. O «imitador» anda na sua faina de imitador. Bem, saberá fazer outra coisa?

  5. Falando seriamente, haverá algum Português que ainda tenha dúvidas que Passos Coelho está politicamente morto? E enterrado a curto prazo? Descobriu-se apenas um: o próprio Passos Coelho…

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