A geringonça no país desengonçado

(In Blog O Jumento, 05/10/2016)
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Vasco Pulido Valente teve criatividade para designar por geringonça um governo de maioria parlamentar de que não gostou ele que odeia tudo e todos e principalmente tudo o que cheire a esquerda ou que não contenha pelo menos um grau de álcool. Mas, logo ele que é um comentador muito atento, não reparou que o país deixado por aqueles que formariam um governo tipo Ferrari mesmo sem apoio parlamentar, foi um país desengonçado.
Um país de onde os quadros fogem, com um Estado que parou sem apostas na modernização e com os seus quadros desmotivados, onde quatro anos, nem privados, nem sector público investiram, com um sistema financeiro desorientado e falido, com uma falsa bolsa de valores que serve mais para ludibriar papalvos do que financiar a economia, era um país desengonçado. Mas exigiram que a tal geringonça que não sobreviveria desengonçasse um país que estava desengonçado há quatro anos.
Exigem milagres em 5 meses, de Abril a Setembro, o tempo que decorreu desde a aprovação do orçamento, mas, mais ridículo ainda, aqueles que em tão poucos meses apelaram à direita Europeia para tramarem o país se fosse governado pela maioria do parlamento, que exigiram e sugeriram à EU que exigisse um plano B, que tudo fizeram para que fossem aplicadas sanções, exigem agora milagres.
Aqueles que anunciaram a desgraça porque o governo fez as reposições de rendimentos que a própria direita prometeu, que previram segundos resgates, que tiveram um orgasmo a cada subida dos juros, que esperam em cada execução a notícia da desgraça, querem agora os milagres que eles próprios prometeram, o crescimento robusto que se iria sentir, a criação de emprego graças às reformas laborais, a vinda de investimentos para uma economia sem regras.
A verdade é que só o facto de não ter havido qualquer desgraça já é um milagre. Provou-se que os cortes de vencimentos foi um pequeno prazer dado a um primeiro-ministro da extrema-direita que odeia funcionários públicos e pensionistas, provou-se que não é possível resolver os problemas dos bancos sem soluções dramáticas com um primeiro-ministro a passear as xanatas na Manta Rota, demonstrou-se que é possível governar sem atiçar ódios, que é possível gerir a austeridade com equidade e justiça social.
Afinal a geringonça funcionou, parece estar bem oleada e dá menos solavancos do que um líder do PSD desorientado, que a cada passo dá um rater e que tem vindo a fazer uma pantomina onde já desempenhou os mais diversos papéis, desde o de primeiro-ministro morto ao de primeiro-ministro exilado.
O destino tem destas coisas, o cata-vento mantém-se firme, ao contrário de um Passos que não para de dar voltas, solavancos e cambalhotas, enquanto a geringonça vai de vento em popa.

via A geringonça no país desengonçado — O JUMENTO

Um pensamento sobre “A geringonça no país desengonçado

  1. Oh Jumento, então já não te recordas de que, como diz o Zépovinho lá do alto da sua sabedoria: VOZES DE BURRO NÃO CHEGAM AO CÉU?
    MISERÁVEIS, de espírito, é o que eles são, eles (e elas) os pafistas pafiosos vindos da direita da Direita lusa, porque, os que vieram da esquerda dessa mesma Direita, pelo menos o que disso se reclamou em público, ao que tudo indica já digeriram as “inconstitucionalidades” da histórica tradição de 40 anos; já aprenderam que nas legislativas não se elegem PMs; que nem tudo o que luz é ouro; o Rangel já vai informando que, afinal, de Bruxelas “nem bons ventos nem bons casamentos”, versus, já nem sanções nem cortes nos fundos estruturais; e, mais importante do que tudo isso, o RU, do Brexit, vai demonstrar que isto de estar na Europa, sendo europeu, para obedecer à Alemanha, é um tanto ou quanto esquisito, pelo que, mesmo desvalorizando a libra para valores de há três décadas, os britânicos não temem o que a lusa direita dos pafiosos (as suas elites, claro, porque os votantes “de baixo”, esses, coitados, ainda marcados pelas “criancinhas ao pequeno-almoço”, nem “sabem da tenda”, só que, como ensinou a querida e saudosa Simone “o opressor não sria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”) anda por aí a semear sobre a mais do que provável saída de Portugal do euro, e vão vencer a batalha da saída desta geringonça em acelerado desmantelamento em que se transformou a ainda designada UE, que de união já nada tem!…
    MISERÁVEIS, repito, ao que desceu esta direita dos Cavacos, dos Relvas, dos Passos, dos Macedos, dos Isaltinos, dos Duartes Limas, dos Montenegros, dos Portas&Cristas&Magalhães, dos Saraivas CIPados, dos Salgados&Ulrichs…

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