Pecadilhos dos nossos bispos

(Blog O Jumento, 23/08/2016)

bispos

«A submissão à autoridade e a corresponsabilidade pelo bem comum exigem moralmente o pagamento dos impostos, o exercício do direito de voto, a defesa do país:

«Dai a cada um o que lhe é devido: o imposto, a quem se deve o imposto; a taxa, a quem se deve a taxa; o respeito, a quem se deve o respeito; a honra, a quem se deve a honra» (Rm 13, 7).» [Catecismo da IgrejaCatólica]

Não faz muito sentido que em pleno século XXI as relações entre dois Estados, Portugal e o Vaticano, seja regida por uma concordata, como se o papa não abdicasse dos seus poderes medievais. Sendo Portugal um Estado de direito onde a Constituição protege os interesses dos cidadãos, assegurando-lhes total liberdade religiosa e onde as diversas confissões religiosas são reconhecidas, não faz sentido a existência de uma Concordata.

Mas não deixa de ser curioso que os bispos portugueses, quando se sentiram incomodados pelo fisco, em vez de reagirem baseando as suas queixas nos direitos que decorrem da lei portuguesa, lei que está em conformidade com todos os acordos e convenções internacionais, optaram por invocar a Concordata, como se fosse directores locais de uma multinacional com direitos especiais sobre o mercado português.

Todos os dias o fisco adopta decisões em relação a empresas e cidadãos nacionais ou estabelecidos em Portugal e quando estes se sentem lesados recorrem aos mecanismos legais. Mas os nossos bispos preferiram recorrer às protecção medieval do Vaticano e vieram para a comunicação social berrar contra o Estado português, só faltou discursarem em latim como se sentissem mal com a legislação nacional.

Compreende-se que ao longo de séculos de privilégios a Igreja Católica, os seus padres e os seus bispos se tenham habituado a estar um pouco à margem das leis que se aplicam à plebe. O problema é que os tempos são outros e os negócios da Igreja estão sujeitos às regras que se aplicam a todos os cidadãos e apenas se lamenta que ainda circule muito dinheiro na Igreja sem que esteja sujeito a qualquer controlo ou registo contabilístico como sucede com qualquer empresa.

Mas como ´de evasão fiscal que estamos falando é pena que os padres e bispos se tenham  esquecido do seu próprio catecismo, que na última versão considera pecado o não pagamento dos impostos devidos ao Estado. Enfim, em Portugal sê romano, católico e apostólico.

7 pensamentos sobre “Pecadilhos dos nossos bispos

  1. O Catolicismo deve estar totalmente isento de impostos. Os Dez Mandamentos,o Credo,as 14 Virtudes Teologais,o Acto de Contricção,etc.,etc., não devem pagar qualquer taxa. Os edifícios,construções,Associações para os mais diversos fins,como não pagarão os impostos,que todos os outros pagam? Se são reais,deste mundo,magoam-nos se lhe damos uma cabeçada,que desculpa para não pagar? Até a Sagrada Bíblia tem de pagar imposto,pois não conheço nenhum livro de ficção ou poesia,prosa ou verso que não o faça. E são todos criados pela graça de Deus,não serão,senhores teólogos?

  2. Realmente, não faz sentido que ao tempo que um país se verga ao peso de dívida incomportável, a Igreja se arrogue a indecência, a impudência, desvergonha e desaforo, de se excluir de um contributo a mitigar o sacrifício de tal povo reverente, um rebanho a sério, atrasado e tudo .

  3. Muita treta, esclarecimento nenhum….
    Que impostos são, qual a divergência, quais os fundamentos das posições dos oponentes, nada!

    • Anda na lua? Toda a gente sabe que a polémica é sobre o IMI sobre o património imobiliário da Igreja ( que não as capelas e igrejas) que está a ser tributado pelo fisco e que os bispos não querem pagar.

  4. Num País de “Estado de Direito” e laico, há que respeitar as regras de convivência democrática e de que os impostos solidários para o BEM COMUM são uma obrigação de todos, independentemente dos credos! Por isso, a Igreja Católica não deve ser privilegiada, esquecendo-se dos sacrifícios das populações de que se alimenta, espiritual e financeiramente! Haja decência e que se deixe – a Igreja Católica – de recorrer à emoção e ao populismo religioso fundamentalista…como foi na idade média e até mesmo na época moderna com práticas inquisitoriais.

  5. Caro amigo da “Estatua de Sal”,

    Costumo receber há muito tempo já, de um site chamado “Leituras” muitos artigos normalmente muito progressistas, com muitos que  me reenviam para o seu site, ou outros do género. E hoje, ao tentar abrir como de costume, apareceu me um alerto (pleno ecrã vermelho!)  como que este site é perigoso, que alegadamente copia os nossos dados pessoais , nº de cartão bancário etc… Não sei se devo acreditar nisso  e se devo nunca mais abrir este site ou se eles são vítimas de uma manobra suja de opositores ao pensamento progressista. Obrigada por me dizer algo a esse respeito… se souber.

    Danielle Foucaut Dinis

    Quoting A Estátua de Sal : > > > > estatuadesal posted: “(Blog O Jumento, 23/08/2016) «2240. A > submissão à autoridade e a corresponsabilidade pelo bem comum exigem > moralmente o pagamento dos impostos, o exercício do direito de voto, > a defesa do país: «Dai a cada um o que lhe é devido: o imposto, a > quem se dev” > > > > > >

    • Caro amigo. Essa para mim é novidade, mas só pode ser manobra da “reacção”…:) Não sei como conseguem fazer isso, mas se entrar diretamente no meu site ( sem ser enviado pelo Leituras) acho que tal não sucederá. Se suceder avise-me. Um abraço.

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