O Assis que há

(Baptista Bastos, in Correio da Manhã, 01/06/2016)

bb1

Baptista Bastos

Assis sente-se atacado de eczema com a actual solução governativa. Aproxima-se o congresso do PS e Francisco Assis, socialista envergonhado ou, à escolha, desavergonhado, volta ao realejo das suas lamúrias. Há certa comunicação social sempre aberta a recolher, pressurosa e solícita, afirmações abjuratórias.

Bernard Shaw já descreveu o tipo e as circunstâncias que o procriam, num texto hilariante de crítica e abominação. Nada de novo, assim como de novo nada naquilo que o Assis diz e deseja. Os filisteus não são de agora e os aparentemente mais poderosos estão sempre dispostos a ceder o prato de lentilhas.

Assis acalenta o desejo de o PS se fundir com o PSD, subalternizando-se aos maneios da Direita, e constituir um partido imbatível, que domine Portugal por mil anos. Os outros partidos seriam facilmente hegemonizados, os sindicatos liquidados, a Imprensa alimentada a uma só voz (em Portugal está quase), os salários tabelados consoante os interesses patronais; enfim um corporativismo autoritário, como em tempos não longínquos.

O Assis sente-se atacado de eczema com a actual solução governativa. Coça-se até sangrar. Anticomunista protozoário, é um senhorito de outro tempo, irascível e de péssimo trato quando as coisas não estão a seu bel-prazer. As declarações prestadas não constituem sinais de um combate político, referências de um debate ideológico, princípios doutrinários de uma alternativa política, social e cultural. Nada disso.

A cegueira deste indivíduo indu-lo a admitir como justas as políticas que levaram o País à miséria e ao sofrimento. Nada propõe, indica ou sugere na sua execração a António Costa. Apenas o odeia.

Ele é outro dos «inimigos do Interior», que não esconde os desígnios de poder e cobiça de peralvilho, indiferente às consequências nefastas para a democracia e o nosso modo de viver, notoriamente a melhorar. Ele não é ignorante nem desinformado. É, pura e simplesmente, Francisco Assis.

10 pensamentos sobre “O Assis que há

  1. Exactamente como eu acho, só que não sabia (por minha ignorância) descrever o que eu achava e ainda acho e que acharei porque, como me ensinou o meu querido e saudoso pai (que nasceu em 1900, era analfabeto, rude, provinciano (ribatejano de gema) mas de uma sabedoria invejável, porque, escrevia eu, como aprendi, “ensaboar a cabeça a burros pretos, é perder tempo e gastar sabão e água, porque aqulio não é sujo”.
    Obrigado, meu caro BB, por me teres ajudado na caracterização de tal ente, um abraço e que nunca a pena te doa para escreveres como só ti o sabes fazer…

  2. Em duas ou três pinceladas fez o retrato da peça em apreço!
    Excelente, a figurinha não passa de uma fraude sem princípios!

  3. Certíssimo! Só me ocorre que é bom que ele se mostre assim para que o PS expurgue as personalidades que não vivem ao serviço do bem comum!

  4. Belo escrito ao nível do melhor que tenho lido para classificar personagens sinistras. Sempre com oportunidade BB!

  5. Ás quartas-feiras, não deixem de ler, a crónica de Batista Bastos no Correio da Manhã. Aliás é a única “coisa” que eu leio no CM.

  6. Pingback: O Assis que há ~

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.