A corja

(Baptista Bastos, in Correio da Manhã, 30/12/2015)

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Baptista Bastos

O empreendimento de destruição do Estado Social, levado a cabo por Pedro Passos Coelho e os seus, atrasou o País, civilizacional e económica e culturalmente, pelo menos dez a quinze anos. É um projecto monstruoso, tido como salvação do capitalismo e realizado por um homem desprovido de dimensão intelectual e política, e com muito poucos escrúpulos sociais.

Com o decorrer das semanas vamos tomando conhecimento da dimensão do desastre. Se o caso Banif adquiriu características de uma ocultação tenebrosa, e levou Passos, como medida de precaução pessoal, ao apoio a Costa, a pouca-vergonha chega a ser degradante. Tal como a declaração de fim-de-ano quando, falsamente humilde, disse à puridade que os portugueses e Portugal estavam na primeira linha das suas prioridades.

O escândalo do Hospital de São José veio a seguir e custou a vida, por ausência médica, de um jovem de 29 anos. Depois, foi noticiado que pelo mesmo motivo, falta de operadores neurocirurgiões, já tinham morrido, antes, mais quatro doentes.

O bastonário acusou o Governo da fatalidade, devido “aos cortes cegos e injustificados” aplicados à Saúde. O roldão neoliberal leva tudo em frente: Educação, Segurança, pensionistas e reformados, velhos e novos, estes convidados a abandonar a pátria, numa avançada cruel que deixa os portugueses em atroz miséria.

Torna-se-nos cada vez mais insuportável comportar, resignados e sem cólera, esta corja, apoiada pela Alemanha, sem pudor nem clemência. A alta finança e banqueiros dissolutos têm encontrado, neste sistema decadente, o pábulo para as suas indignidades. Resguardados numa impunidade que lhes proporciona o “sistema”, e lhes vai mantendo uma vida de fausto, eles passeiam-se no infortúnio de quem não sabe defender-se.

Escrevo com mágoa e desalento, mas penso que o mundo está a modificar-se, movido pela repulsa e pela revolta. Nessa esperança e nesse sentido que, afinal têm encaminhado a minha vida, aqui vai, meus Dilectos, a convicção de que, em breve, as coisas serão melhores e mais belas.

Bom ano! A corja não vencerá pela natureza imperiosa das razões humanas.

7 pensamentos sobre “A corja

  1. Obrigado Baptista Bastos, Bom Ano também.
    Pelo que me toca fazer, pouco certamente, essa corja cínica, mentirosa, odiosa, repulsiva, velhaca…não passará!

  2. Obrigada pelo seu artigo de que muito gostei, aliás como sempre! Também convicta de que ‘as coisas’ deverão e serão mais belas, verdadeiras, humanas, com unanimidade em 2016.
    Desejos de um belo e feliz Ano Novo!

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