A PT vai a caminho de ser uma empresa de vão de escada

(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 25/08/2015)

Nicolau Santos

     Nicolau Santos

(Nota: O  texto abaixo é demolidor e mostra que a política de privatizações deste Governo irá destruir todas as grandes empresas nacionais, criar desemprego, miséria e acabar com uma nação com mais de 800 anos de História e independência. Resistimos séculos às tentativas de anexação por Castela derrotámos as invasões napoleónicas, será que não conseguiremos apear a corja de traidores da Pátria, de vendilhões do templo que nos governam, e salvar o que ainda resta?) – Comentário, Estátua de Sal.

Armando Pereira, atual chairman da PT e homem de absoluta confiança do enigmático multimilionário francês de origem israelita, Patrick Drahi, o todo poderoso dono da Altice, deve pensar que somos todos parvos. Agora apadrinhou um denominado «Projeto Valor», um inquérito dirigido aos 11 mil trabalhadores da PT para saber que funções têm desempenhado ao longo dos anos, que formações acumularam e se estão disponíveis para mudar geograficamente do local onde trabalham. Ora como só por absurdo se pode imaginar que a PT não tem todas estas informações em carteira no seu departamento de recursos humanos, a conclusão é óbvia: o que se pretende é encontrar motivos para um vasto programa de despedimentos, que vai ocorrer depois das eleições legislativas de 4 de outubro.

Desde que a Altice entrou no mercado português, comprando a ONI e a Cabovisão, utiliza sempre a mesma técnica: suspende e adia os pagamentos aos fornecedores e, para quem fica com a corda na garganta e precisa de receber de imediato, propõe-lhes fazer isso mas com um corte de 30% a 50% naquilo que têm direito a receber; quanto aos trabalhadores procede rapidamente a despedimentos. No caso da PT está a seguir exatamente o mesmo padrão: suspensão e arrastamento do pagamento aos fornecedores; e prepara agora os despedimentos.

Armando Pereira, o herói de Vieira do Minho, como lhe chamou o ministro António Pires de Lima, por ter ali inaugurado um «call center» para 40 pessoas em instalações cedidas pela autarquia local, não está minimamente preocupado com a qualidade de serviço que a PT presta aos seus clientes ou com a sua importância na economia portuguesa. O que verdadeiramente domina a sua ação é reduzir de imediato os custos com pessoal e fornecedores e libertar o maior montante possível de «cash» para amortizar parte do enorme endividamento a que a Altice tem recorrido para fazer compras um pouco por todo o mundo. E para atingir rapidamente esse objetivo, a ética é um enorme empecilho.

Até agora o que a «excelência» da gestão de Armando Pereira conseguiu foi tomar sucessivas medidas que vão tornar, a não muito longo prazo, a PT numa empresa sem qualquer relevância internacional, nacional ou na área da investigação, uma empresa de vão de escada e que deixou de ser confiável para com os seus clientes e fornecedores

O facto é confirmado pela Associação Nacional de Empresas de Tecnologia de Informação e Eletrónica (ANETIE) que diz que o que a PT está a fazer, em matéria de adiamento de pagamento e pressão sobre os preços, «vai além do aceitável». Há empresas que não recebem há três e quatro meses e a pressão sobre as mais pequenas está a conduzir algumas à beira do colapso. Quinze dias depois de ter assumido a gestão da PT, em meados de junho, a operadora começou a enviar cartas a todos os seus fornecedores, propondo uma redução unilateral dos preços entre 15% e 30%, uma técnica que já tinha utilizado quando comprou a ONI e a Cabovisão.

A libertação de «cash» rapidamente é a única coisa que motiva Armando Pereira e a sua equipa. A aposta na investigação, no desenvolvimento de novos serviços, no cumprimento do serviço universal, na internacionalização ou na motivação da equipa são coisas absolutamente secundárias, só referidas para Pires de Lima e Paulo Portas (que recebeu em Lisboa o patrão da Altice antes deste comprar a PT) não ficarem mal na fotografia.

Como consequência, os trabalhadores da operadora vivem uma situação de desmotivação, desânimo e medo, o que está a ter reflexos no serviço prestado pela PT aos seus clientes, que começa a apresentar falhas e deixou de anunciar qualquer inovação. Foi isto que até agora a «excelência» da gestão de Armando Pereira à frente da PT conseguiu: tomar sucessivas medidas que vão tornar, a não muito longo prazo, a PT numa empresa sem qualquer relevância internacional, nacional ou na área da investigação, uma empresa de vão de escada e que deixou de ser confiável para com os seus clientes e fornecedores.

Quanto aos despedimentos, eles só ocorrerão em força depois de 4 de outubro. É fácil, facílimo imaginar porquê. Quem, a nível político, apadrinhou a Altice, não quer ser julgado pelos seus atos relacionados com o triste destino da PT antes dos eleitores irem votar.

10 pensamentos sobre “A PT vai a caminho de ser uma empresa de vão de escada

  1. A sua analise é baseada em que dados. Refere se aos trabalhadores da PT ou aos que prestam serviço quase de borla em Outsourcing.

  2. Caro Nicolau,
    Foi com enorme interesse e tristeza que leio o seu artigo e com enorme magoa confirmo a veracidade de TODO o artigo!
    Resta apenas esclarecer que a onda de Despedimentos, dispensas, não renovações ou o que lhes queiram chamar começou em meados do ano de 2014, e hoje tanto quanto sei, colaboradores, ex colegas, pessoas que deixaram as suas empresas origem para albergarem o que lhes tinham dito uma carreira de futuro, viram passados anos de afinco e profissionalismo, hipotecados sem justificações plausiveis a não ser a do costume, contenção de custos, tentou-se mas não foi aceite!
    Como calcula eu fui um dos milhares de contratados…que teve direito ao tempo regulamentar de contrataçao a termo certo(3anos), tive “direito” a 2 leis que permitiram a extensao de contratos a termo por mais 2 anos e meio! E no final, pobre da
    Minha chefia que culpa não tem nenhuma, vem dizer-me que adoram o meu trabalho sou uma pessoa mais que válida e essencial para o departamento mas foi reprovada em CA a passagem pros quadros! É apenas um caso mas houve muitos mais…e nao ha de parar, como o Caro Nicolau disse e bem agora vem a leva dos Outros, os efetivos, mas esses so mesmo após as eleições!
    Vejo a PT neste momento como uma empresa que será vendida num mercado de chineses, numa máfia que só vê números…com sorte que pelo menos saibam fazer contas…

  3. parem de chorar e de ser mamadores e comecem é a trabalhar em vez de estar sempre à espera que tudo caia do céu ou do “governo”, que somos todos nós. deixem de ser estupidos. As empresas grandes caem por péssima gestão. eu fui da PT, eu sei bem o lixo que lá anda

  4. Os estrangeiros compram as empresas que dão lucro , não criam nada de novo e que crie postos de trabalho . e estes desgovernantes vão empobrecendo o país com os negócios ruinosos que estão fazendo. Qual o interesse destes negócios? para Portugal e portugueses nenhum , assim sendo só para quem faz tais negócios pode haver grandes interesses, ( diga-se tachos )

  5. Caro Dr Nicolau,.

    Gostei de ler o seu artigo, o senhor deve saber do que fala!!
    Trabalhei uns anos na PT, e apesar de pouco tempo, pude aperceber-me da pouca vergonha em que a gestão de topo da PT navegava. Tudo à deriva , tudo às ordens dos governos, acionistas tubarões e sobretudo desse ” excelente gestor ” Salgado Espirito Santo e seus acolitos, Bavas e companhia. O resultado esta à vista, e so um esta detido!!!
    É um fim triste mas natural para uma empresas que andou a desnorte.
    O mais grave de tudo é que esta gentalha não aprendeu nada, a não ser como gastar os muitos milhoes que sacaram!! E ainda gozam com o pagode, como se ouviu e viu na recente Comissão de Inquerito/BES.

  6. Os despedimentos começam apenas a partir de 4 de Outubro, no entanto as cartas de alforria já foram emitidas e os escravos já estão a recebê-las em casa.

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